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COMPREENDENDO O PROPÓSITO DO MOVIMENTO ESCOTEIRO

  • Foto do escritor: Antônio Carlos Pacheco
    Antônio Carlos Pacheco
  • 17 de mai. de 2016
  • 5 min de leitura

"A educação, tal como a entendo, não consiste em introduzir no cérebro de uma criança uma certa dose de conhecimentos, mas sim em despertar-lhe o desejo de conhecer e indicar-lhe o método de estudo. Além da formação puramente escolar, a educação moderna procura desenvolver o caráter, a habilidade técnica e a saúde do corpo . . . E esta educação seria uma auto-educação voluntária, em que a mocidade colocaria toda a sua energia e todo o seu entusiasmo". BP (A educação pelo amor substituindo a educação pelo temos).

2. COMPREENDENDO O PROPÓSITO DO MOVIMENTO ESCOTEIRO

O Propósito do Escotismo é o que o Movimento deseja alcançar em relação ao desenvolvimento de seus membros. A proposta dos Escoteiros do Brasil diz que:

"O Propósito do Movimento Escoteiro é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento, especialmente o do caráter, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas intelectuais, sociais, afetivas, sociais e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas comunidades.

O Propósito destaca, em primeiro lugar, a disposição do Escotismo de contribuir, ou seja participar na formação integral do jovem. Este enunciado busca destacar que a ação dos Escoteiros do Brasil é complementar aquela exercida pela família, pela escola, pela igreja e pela comunidade, não pretendendo substituí-las. Mas, se o Escotismo for corretamente aplicado, as referidas instituições sentirão o valor da contribuição que o Movimento Escoteiro pode dar, mesmo atuando apenas algumas horas semanais.

Deve-se destacar que apesar dos Escoteiros do Brasil também contribuírem para o aperfeiçoamento pessoal do adulto (escotistas, pais, dirigentes), ele não é citado no Propósito do Escotismo, porque esse desenvolvimento é decorrente da atuação e motivação dos adultos como educadores ou administradores educacionais. Também porque o Movimento tem como Propósito primeiro, o jovem. No entanto, sem a contribuição estimuladora e facilitadora do adulto, destacada na Definição do Escotismo, a ação do Movimento não seria possível.

As palavras que se seguem, constituem a parte central do Propósito e dos Fundamentos do Movimento Escoteiro: contribuir para que os jovens assumam o seu próprio desenvolvimento. Se essa ideia não estiver perfeitamente esclarecida, será difícil a correta compreensão dos Fundamentos do Escotismo.

Dois aspectos são indispensáveis para que esse Propósito seja alcançado nos Grupos Escoteiros. 1) A ênfase concentra-se numa profunda vivência de valores (Princípios Escoteiros) e no desenvolvimento de três capacidades essenciais para qualquer pessoa gerir seu próprio aperfeiçoamento: as capacidades de compreensão, de crítica e de "como aprender". Da compreensão de si mesmo, do mundo que lhe cerca e da realidade dinâmica da vida. De compreensão de seu passado, de sua realidade presente e da proposta assumida de seu futuro. De crítica para entender que em todas as decisões existem vantagens e desvantagens que necessitam ser analisadas e que a criatividade na busca de novas opções que reduzam as desvantagens deve ser permanente. E de "como aprender" alcançando a autonomia para buscar as mais diversas fontes de informação e a iniciativa de testar na prática os conhecimentos e habilidades obtidos.

2) A necessidade de que o papel de Chefe Escoteiro ultrapasse as limitações de ser um simples instrutor, para consolidar-se na aplicação de Método Escoteiro, como verdadeiro estimulador e facilitador da aprendizagem, despertando o desejo das crianças e jovens de aprender e propiciando o ambiente adequado a esse desenvolvimento, com confiança nas potencialidades de cada membro juvenil. Essa postura enfatizada no último item do Método Escoteiro, naturalmente exige uma maior maturidade e auto-confiança por parte dos escotistas.

Finalmente, deve-se destacar que o escotismo propicia que tanto nas etapas de progressão, como nas especialidades, como nos outros aspectos do programa de jovens, predomine sempre o ritmo individual de cada membro juvenil em seu próprio desenvolvimento. Neste contexto, o escoteiro também torna-se sujeito consciente de seu processo educacional.

As palavras especialmente do caráter enfatizam a importância que Baden Powell sempre deu ao desenvolvimento do caráter da criança e do jovem, como Propósito do Escotismo. Uma personalidade equilibrada e bem desenvolvida sempre terá tido forte contribuição em sua infância e juventude e assim, o Movimento Escoteiro propicia uma vivência de extraordinário valor para que cada um forje o seu próprio caráter, com profunda influência em toda sua vida futura. Deve-se destacar que ainda hoje, poucas organizações dão a ênfase a esse importante aspecto do desenvolvimento pessoal.

Também o Propósito do Escotismo em relação aos jovens, ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, destaca as áreas de crescimento pessoal de cada criança ou jovem. Muitas destas potencialidades só se tornarão plenas bastante mais tarde, enfatizando então, novamente, o significado de que cada jovem assuma seu próprio desenvolvimento.

Ajudando-os a realizar suas plenas potencialidades, já demonstra a amplitude oferecida pela educação escoteira e cada membro juvenil. Naturalmente esse pleno desenvolvimento terá sua progressão de acordo com a maturação individual de cada rapaz ou moça, mesmo fora do Movimento.

O desenvolvimento físico a partir do cuidado pessoal com a saúde, não tem no Movimento Escoteiro o desejo de alcançar super-atletas, porém de assegurar que os jovens e moças sejam sadios em sua vida diária, aplicando a moderação e cuidando de sua alimentação, praticando exercícios e vivenciando o ar livre.

O desenvolvimento intelectual valoriza muito mais do que a simples aquisição de conhecimentos, mesmo úteis, a capacidade de raciocínio para induzir e deduzir a partir de dados observados. O importante é a destreza e a tranquilidade na busca e utilização de conhecimentos novos. O treinamento oferecido nos diversos ramos, permite uma progressão no desenvolvimento da memória e de operações tais como comparar, interpretar, criticar, formular hipóteses e decidir.

O desenvolvimento social inicia-se na vivência oferecida em pequenas equipes, onde é indispensável a prática da cooperação e onde ampliam-se as oportunidades de compreender as exigências para uma liderança adequada e participativa. As decisões colegiadas, permitem à criança e a jovem sentir as responsabilidades necessárias e as liberdades possíveis numa pequena comunidade. Nas unidades locais, o programa de jovens também oferece oportunidades de crescimento numa interação com jovens do sexo oposto, num ambiente autêntico e fraterno.

Por intermédio do papel exercido pelos Escotistas, no grande valor do companheirismo com os demais integrantes de sua equipe e, mais tarde, na escolha de seus amigos, inclusive de outros países. a criança tem no Escotismo, muito mais do que em outros movimentos a ocasião de um adequado desenvolvimento afetivo franco, essencial para alcançar sua própria maturidade.

Finalmente a dimensão espiritual tem no Escotismo um excelente ambiente para desabrochar, pois muito mais do que exposições teóricas, o escotismo tem a ocasião de conviver na natureza com a obra divina, exercitando de forma espontânea seu amor a Deus, no respeito às plantas e aos animais e na solidariedade ao próximo.

A parte final, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis, esclarece que o Propósito último do Escotismo é o desenvolvimento da cidadania ativa. Por isso a complementação em suas comunidades destaca que essa cidadania ativa tem hora e lugar. Aprofunda integração do Escoteiro e mesmo do antigo Escoteiro na solução dos problemas das diversas comunidades que integra, é o retorno mais concreto que o Movimento Escoteiro pode oferecer ao extraordinário apoio que sempre tem recebido dessa mesma comunidade por intermédio de suas mais representativas lideranças e das famílias que as constituem.

 
 
 

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© 2016 por ANTÔNIO CARLOS PACHECO.

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